A história do plakat tailandês
- Parte 1 (Origens)
O
propósito deste texto é apresentar a antiqüíssima tradição tailandesa
de criar e manter o Betta splendens, mais conhecido como peixe combatente
tailandês.
Eu usarei muitos estilos diferentes de escrita para apresentar
o assunto. Às vezes eu usarei um método editorial para apresentar
a história.
Muitas das informações contidas nestas páginas eu peguei de arquivos
de biblioteca.
Neste caso, eu citarei o nome do autor e qualquer informação utilizada
desses documentos.
NT: Os textos entre colchetes foram introduzidos
por mim (Vitor Calil Chevitarese) para melhor entendimento da
frase ou mesmo para clarear o assunto em questão.
Também traduzi artigos do idioma tailandês para o idioma inglês.
Alguns dos artigos podem vir até mesmo de minhas discussões com
criadores exigentes
[detalhistas] que
eu conheço.
Quando eu comecei este projeto, eu planejei escrever tudo sozinho
sobre o que eu experimentei
[no manuseio com
os plakat], sobre o que li de velhos documentos, e
[do
resultado] de discussões com outros criadores experientes.
Enquanto colecionava todo o material para este artigo, também descobri
que há muitos fanáticos por Betta na Internet. Também descobri que
algumas destas pessoas não aprovam luta de peixes e vêem nisto uma
crueldade com os animais.
Quando tomei conhecimento desse fato, fiquei doente durante várias
semanas. De fato eu quase perdi todo o interesse por este projeto,
e quase o apaguei completamente de minha homepage.
Porém, este é um assunto que continua latejando em minha cabeça.
Eu estava pensando nas histórias perdidas do gato siamês e do cachorro
de caça tailandês.
Ambos fazem parte da grande herança intelectual tailandesa, eles
são famosos em mito, e muitas pessoas os têm, mas sabem muito pouco
sobre a origem deles.
Você pode se perguntar, por que eu deveria me preocupar de onde
eles vieram? Eu posso comprá-los em qualquer lugar.
Se você faz uma pergunta semelhante ao guardião dos jardins públicos,
"por que você quer todas esses plantas?"
Ele humildemente lhe responderá que é seu dever e se orgulha do
que faz. "Eu gosto de cuidar destas plantas, mas fico até mais contente
em ver os visitantes desfrutarem e apreciarem
[os
frutos do] meu trabalho".
Assim, eu decidi continuar meu trabalho.
O primeiro motivo que
[me move a]
continuar este projeto é que sinto ser minha responsabilidade espalhar
o conhecimento que eu adquiri como um criador de peixe combatente
siamês e contar a verdadeira história deste peixe fascinante.
O segundo motivo é que há muitos mitos por toda parte sobre o peixe
combatente siamês, tanto na Internet, bem como nas revistas, especialmente
a declaração de que "
ELES LUTAM ATÉ A MORTE".
Para mim esta não é uma declaração
[verdadeira].
Eu posso dizer honestamente que as pessoas que fazem tais declarações
estão contando verdades com a imaginação delas. Até onde as minhas
experiências com os peixes combatentes siameses
[me
levam, posso dizer]:
- Eu nunca vi um Betta combatente morrer na arena. A causa da
morte vem depois da briga, se o dono negligenciar o seu peixe
ferido.
- Nenhuma luta de Betta combatente dura eternamente. Uma duração
média de combate leva aproximadamente de duas a três horas, finda
a qual um dos peixes sempre abandonará a briga. A briga é como
o boxe; um deles deve ser o vencedor e o outro, o perdedor. Às
vezes ambos brigam até que não possam mais combater, então é chamado
um empate, e ninguém morre.
Os verdadeiros combatentes são selecionados cuidadosamente de estoques
de peixes especiais; eles sempre são de nadadeiras pequenas (mas,
nem todos os peixes de nadadeiras pequenas são bons combatentes).
E nenhum criador respeitável permitirá que um peixe despreparado
lute.
[Os Bettas] de nadadeiras longas
não são peixes combatentes, pois eles não
[agüentam] um combate por mais de meia hora (a maioria dos
países ocidentais intitulou este tipo de Betta como peixe combatente),
eles podem danificar somente as nadadeiras
[do
outro peixe], e alguns não sabem nem como morder.
Já vi fêmea de nadadeiras longas morder o macho e colocá-lo para
correr.
Assim, os combates dos peixes são semelhantes aos combates de seres
humanos; só os lutadores treinados participam. A luta dos peixes
é o processo para selecionar os melhores espécimes, só os vencedores
são escolhidos para criar, e cruzados com fêmeas de outro grupo
premiado. O resultado
[desses cruzamentos]
é
[a obtenção de] peixes extremamente
resistentes, capazes de viver em temperaturas de 25 °C até 38 °C.
O terceiro motivo é, destruir o mito de que todo
Betta
é a melhor criatura combatente. Este ponto é tão importante que
resume todas minhas intenções de escrever esta página.
Peixe combatente
Nota editorial: Este artigo é do "Thai
Fisheries Gazette" (Thai language issued January 25, 1967),
reimpresso de "Holiday time in Thailand, vol. 49, No. 3.".
Eu ainda não vi o texto original.
Minha primeira intenção por reapresentar este artigo era principalmente
pela nota histórica, e responder perguntas sobre o processo de criação
seletivo de peixe combatente siamês na Tailândia. Para clarear as
coisas para o leitor, eu usei hiperlinks (hiperlinks foram transformados
em texto, no corpo do trabalho, para facilitar a leitura) em algumas
palavras-chaves dentro de meus comentários pessoais. Porém, não
fique chateado se não houver nada lá. Eu estou brincando um pouco
novamente.
Finalmente, esta seção também é um foro público aberto, se o leitor
tiver alguns artigos úteis ou informações para compartilhar, por
favor me envie, e eu as publicarei e darei todos os créditos, tanto
ao autor, quanto à fonte.
Nadadeiras bem abertas, guelras estendidas e rabos espinhosos que
incitam uma tempestade em uma garrafa de água.
[Estas
descrições] pertencem a uma das duas espécies de peixes mais
duras e menores do mundo:
[uma delas é]
o peixe combatente siamês.
Esta cena está em alguns cartazes restantes
[nos locais] onde brigas de peixes acontecem regularmente,
nos arredores de Bangkok. Nenhuma briga de peixes é permitida dentro
dos limites da cidade.
A arena é um abrigo com lados abertos dentro do recinto do proprietário
que está dando permissão para tal. Também há uma rinha de galos
no mesmo recinto.
O dono mora na casa de madeira em frente da arena e da rinha. Ele
também vende arroz e outra comida cozida,
[bem
como] refrescos aos entusiastas de ambos os jogo esportivos.
Das sete horas da manhã até as 6 horas da tarde, uma enorme multidão
de apostadores paga no portão para uma admissão no recinto, de dois
Baht (nome da moeda tailandesa) por pessoa, todos os domingos,
[além
das apostas feitas, aos gritos, pelo pessoal]. O dono adquire
dez por cento das apostas.
Criadores de peixe combatentes trazem os seus campeões e favoritos
em pequenas garrafas de água, cada um em uma garrafa. Antes de um
combate, as garrafas
[contendo os peixes que
se enfrentarão] são colocadas lado a lado, de forma que os
dois possíveis adversários possam se ver.
As reações dos peixes serão notadas com interesse particular pelos
donos e pelos entusiastas que fundamentarão as suas apostas neles
[baseados nas] impressões
[resultantes]
destes encontros através do vidro das duas garrafas que se colocam
entre os oponentes potenciais.
Quando uma briga é combinada entre os donos
[dos
peixes], cada um dos adversários é retirado com uma colher
para fora de sua garrafa e cuidadosamente posto em uma garrafa alta
e grande. Quando está por si só em uma garrafa, um peixe lutador
não é extraordinário - olhando se parece como qualquer outro peixe
pequeno. Porém, quando está em frente de um oponente, se transforma
em uma criatura maravilhosamente bonita.
Ele irradia
[apresentando] cores exóticas.
Suas guelras ficam estendidas. Suas nadadeiras se esticam. Seu rabo
se estende fortemente. Cada parte está radiante e vibrante.
Os adversários não perdem nenhum tempo
[tentando
se] chegar um ao outro. Eles se mordem, às vezes, suas bocas
ficam fechadas durante minutos, até mesmo, horas, enquanto eles
se movem, lutando,
[deslocando-se]
para cima e para baixo na garrafa.
Eles são maus entre si e inexoráveis em cada assalto. Eles arrancam
pedaços uns dos outros, das brânquias, barbatanas, rabos e escamas.
Os pequenos pedaços arrancados ficam pela água.
Nenhum assalto é determinado no combate entre estas criaturas corajosas.
[Se deixar], eles lutam até morte.
Às vezes eles lutam o dia inteiro sem uma decisão determinante.
Uma briga empatada (que é uma briga que continua até hora de fechamento
[da casa que tem a arena de combate]
sem que nenhum tenha morrido, é rara.
Entusiastas assistem uma briga de peixe com discernimento. Eles
sabem as partes vitais de um peixe que, quando atacadas, podem valer
a sua vida, e as apostas são feitas de acordo com as estimativas
[do desempenho] dos lutadores no progresso
da batalha (também são feitas apostas no curso de um combate).
Até aquelas pessoas que
[já] assistiram
peixes lutar durante anos ainda podem assisti-los com fascinação
e enorme interesse.
O peixe combatente que vai para os combates profissionais é um
animal de sangue puro.
Foi criado cuidadosamente e inter cruzado
[crossbred].
Há várias variedades de peixe lutador, e cada
[uma
delas] tem dominante
[uma cor]:
púrpura, verde, vermelho.
O habitat natural do peixe combatente siamês é as lagoas,
[alagados]
e pântanos da Tailândia.
Há dois tipos principais de peixes siameses lutadores - o Plakad
lukmoh e o Plakat Pah (Plakad é o nome tailandês de peixe lutador).
No texto original é usada a palavra "Plakad" e algumas vezes a palavra
"Plakat" - essa última é a que utilizo normalmente.
O tipo campeão pode ser comumente encontrado atualmente nos habitat
naturais, mas
[também] é criado por
entusiastas, e às vezes é vendido
[por um
preço que varia] de dois a três Baht. O Plakat lukmoh é um
sujeito duro que não conhece o significado da derrota.
Correção posterior feita pelo autor:
Isto pode não ser correto. O Plakad lukmoh
foi [fruto do] sucessivo aperfeiçoamento
do desenvolvimento do Plakad pah ou do Betta selvagem
capturado. Porque, se o criador cruzar [o
Plakad lukmoh] novamente com o Plakad pah [Betta
selvagem capturado], o resultado da [ninhada]
ficará mais fraco e não tão resistente. O
cruzamento do Plakad lukmoh com o Plakad pah é chamado de híbrido,
na língua tailandesa chamado de "Sangasi" ou, de maneira abraviada
"Pla sang". A intenção principal da procriação híbrida é [conseguir]
combater o Plakad pah. Por ser o padrão do tipo híbrido é muito
perto [daquele] do Plakad pah, alguém
pode achar que [esse híbrido] seja
igual ao Plakad pah, mas [somente]
a metade dele é do real combatente. O criador inescrupuloso se
vale desse recurso para enganar um apostador tolo.Porém, o tipo
híbrido [Pla sang] não pode lutar
com o Plakad lukmoh. Em resumo, o tipo híbrido [Pla
sang] é o meio termo entre
o Plakad lukmoh e o Plakad pah. Ele é superior quando estiver
lutando com o Plakad pah [Betta
selvagem capturado] que tem a menor capacidade combativa.
Se nós levarmos em consideração as belezas dos peixes em conta,
você achará que o tipo híbrido adquiriu o natural brilho, a centelha
e o entusiástico hábito do Betta Imbellis. O proprietário
do Betta selvagem capturado seguramente concordará
plenamente comigo. Por outro lado, o tipo híbrido foi obtido à
força do Plakad lukmoh ou o Betta splendens de nadadeiras
curtas. Estas duas características moldam a aparência do tipo
híbrido super grande.
O Plakad Pah - veja foto abaixo - abunda em todos lugares, até
mesmo nos canais de Thonburi,
[que é uma]
cidade gêmea de Bangkok. Esta espécie tem um corpo alongado, mas
não tem nenhuma resistência para combates prolongados.
Os Plakad lukmoh e Plakad Pah foram cruzados
[entre
si].
Veja acima a correção posterior feita pelo
autor ao texto original
Um peixe combatente siamês não é mais do que cinco centímetros
de comprimento e de um centímetro de largura. Pode ser capturado
nas lagoas e pântanos com o uso de redes ou peneiras com tramas
minúsculas. Quando capturado, o peixe deve ser posto em uma garrafa
com água. Água de lagoa é melhor do que a água encanada de casa.
Só os machos são os lutadores. Eles podem ser distinguidos das
fêmeas pelas cores mais brilhantes, caudais mais longas e
[demais]
nadadeiras maiores.
Para fins de criação, uma fêmea
[pronta para
acasalamento] é colocada em uma garrafa de água
[próxima
da garrafa] com o macho selecionado de forma que eles possam
ir se familiarizando
[através das mesmas]
durante um ou dois meses.
Quando a fêmea mostra sinais de estar pronta, uma bacia de água
[já] deve estar preparada. A bacia
deveria ter um diâmetro de um metro. Alguns vegetais do pântano
[?] e plantas de água devem ser colocadas
na bacia. A bacia deve ser mantida
[abrigada]
longe das águas das chuvas.
Então, o macho e a fêmea são colocados na bacia. O macho perseguirá
a fêmea até a fêmea se cansar. Então, ele abraçará a fêmea, ao redor
do abdômen, com seu
[corpo e o] rabo
. Os ovos cairão da fêmea. O macho então soltará
[seu]
esperma para fertilizar os óvulos que serão protegidos em bolhas.
É estranho, mas a fêmea tentará comer os ovos. O macho impedirá
a fêmea de fazê-lo. A fêmea deve ser retirada da bacia e o macho
cuidará dos ovos até que os pequenos peixes eclodam.
Quando o filhote nasce, é alimentado com plâncton vermelho minúsculo.
Quando fica maior, é alimentado com larvas de mosquito. Quando estiver
com seis para sete meses está pronto para lutar.
O peixe combatente tem um treinamento árduo. É lançado contra outro
peixe em seu próprio "campo". Seu dono agita a água em sua garrafa
de forma que,
[ele] nadando contra
a correnteza, se fortalece para os combates.
Então, ele é levado para a arena.
O questionamento da origem do Betta splendens
Nota do autor: Eu escrevi este artigo sozinho.
[Como] o leitor poderá se confundir
com o meu inglês, por favor, seja paciente comigo. Este artigo
é sobre a procura das origens do Betta splendens
de nadadeiras longas. Descobrir como foi que surgiram esses Bettas.
Até agora, eu não discuti este tópico com qualquer biólogo. De
fato, este é meu interesse pessoal. Eu penso que há, pelo menos,
alguns aficionados dos Bettas com as mesmas perguntas
que eu tenho. A fonte [de informações]
deste tópico vem de minhas discussões com criadores locais, [sobre
o que] leio nos livros e [da]
minha própria imaginação. Você pode pensar [que
o] conteúdo deste artigo é [portanto],
sem embasamento. Eu concordo completamente com você e eu estou
fervorosamente à procura de explicações melhores.
Quando eu tinha dez anos, eu sempre me
perguntava quando ia pegar Bettas selvagens: "De
onde vem o Plakat Cheen (Betta splendens de nadadeiras
longas)?"
Eu sempre terminava capturando [também]
o Striped Croaking Gourami [Trichopsis
vittatus] , juntamente com meu Betta
[selvagem].
Eu simplesmente concluía que: "Oh sim,
os Bettas de nadadeiras longas [Plakat
Cheen] vêm do "Pla Krim". ("Pla" quer dizer peixe,
e "Krim" significa Striped Croaking Gourami). Ainda hoje eu acredito
nisto!
A intenção deste artigo é [lançar]
um desafio, e questionar a origem do Betta splendens.
Eu tentarei montar as várias possíveis hipóteses de forma que
se abra um caminho para outros pesquisarem e descobrirem por si
próprios.
[No texto original o autor utiliza
a expressão "to raise a challenge", o que daria a tradução "elevar
um desafio" (?). No entanto, optei por "lançar um desafio", já
que todo o texto evoca despertar o interesse do leitor sobre a
origem do Betta. A foto mostrada na página acima
e o nome científico do peixe foram incluídos por mim e retirados
do site www.aquariofilia.net, já que não achei a tradução para
o nome em inglês que é citado pelo autor do texto: striped croaking
gourami].
O que faz o desenvolvimento do Betta splendens distinto
do desenvolvimento dos outros peixes?
Primeira
[hipótese], o desenvolvimento
do
Betta splendens foi o resultado dos primeiros peixes
tailandeses de aquário. É
[fruto do]
intelecto dos nativos; nenhuma tecnologia genética moderna é pertinente.
Segunda
[hipótese], o
Betta
splendens se desenvolveu
[através]
de um processo de interação social humano; é o sucesso
[obtido]
na troca de conhecimento entre as classes camponesas tailandesas.
Alguém pode reivindicar
[que] o peixe
combatente
[já] era conhecido no Império
Sukothai - a primeira capital da Tailândia -,
[há]
mais de 600 anos atrás.
Os criadores antigos, ou melhor, os fazendeiros
[camponeses],
aprenderam por meio de observação; então eles testavam suas hipóteses,
[colocando] os seus peixes
[resultantes
dessas hipóteses] para combater com um desafiante.
Eles formaram um grupo conhecido como o clube dos criadores do
peixe combatente. Eles transmitiam o conhecimento
[adquirido]
sobre os seus
Bettas através de comunicação verbal
[entre eles somente].
Contando as suas técnicas para os mais chegados amigos de confiança,
eles asseguravam que fosse mantida a continuidade
[da
linhagem] de seu
Betta,
[bem
como], a
[sua] técnica
[desenvolvida].
Para manter
[essas] técnicas secretas,
o criador
[fazendeiro] deveria ser
muito cauteloso "não conte estes segredos a qualquer um,
[pois]
estes são os melhores segredos para fazer seus peixes
[ficar]
superior a qualquer desafiador" (esta tradição ainda vigora até
hoje).
Usando esta técnica de transmissão de conhecimento, eles fizeram
do desenvolvimento do
Betta tailandês
[uma
coisa] única.
[Em contrapartida],
[essa metodologia de criação], também,
se torna uma prática repetitiva ou, em outras palavras, não se faz
nenhum progresso.
Você pode observar como isto fica óbvio quando se compara o desenvolvimento
avançado do
Betta de nadadeiras longas na América,
quando comparado ao desenvolvimento destes na Tailândia.
Hoje os criadores mais sérios de peixes combatentes ainda pertencem
à classe de camponeses da sociedade tailandesa. Minha obrigação
é fazer eco às vozes deles e mostrar a riqueza de informação, de
forma que os seus tesouros intelectuais e conhecimento sejam conectados
à história tailandesa, e agora,
[também,]
na rede mundial de computadores.
Na Tailândia, quando se fala sobre o Plakat,
[nos
referimos a] dois tipos distintivos de Plakat tailandês.
Um é o de nadadeiras curtas, e o outro, o de nadadeiras longas.
Ambos os tipos foram desenvolvidos a partir do
Betta
selvagem capturado na natureza. Eles são
Betta splendens
cativos
[oriundos dos] selvagens nativos
capturados que, há 40 anos atrás, eram disponíveis em quase todas
as áreas alagadas e nos fossos dos campos de arroz (veja as fotos
abaixo).
Como apareceu o Betta de nadadeiras longas?
Não há nenhuma pergunta sobre os tipos
[de
Bettas] de nadadeiras curtas. Se você observar
as cores e as distribuições de cores dos
Bettas selvagens
[e compará-las com as dos Bettas
de nadadeiras curtas criados em cativeiro, verá que] a diferença
só está nos tamanhos delas.
NT: o autor mostra que os Bettas
combatentes aprimorados pelos criadores tailandeses, a partir
dos selvagens, são maiores e têm nadadeiras maiores que estes.
Não confundir esses Bettas combatentes de nadadeiras
curtas (que nós conhecemos somente por Plakat) com os Bettas que
conhecemos com nadadeiras longas (que o autor chamou de Pla
Cheen).
Nenhuma dúvida que os criadores tailandeses só fizeram
[os
Bettas de nadadeiras curtas] maiores, e o
mais importante: mais agressivos. Porém, o provérbio "você não pode
sempre adquirir o que você quer", é seguramente verdadeiro, e aplicável
aqui.
Onde nós perdemos [a história] entre
o desenvolvimento do [Betta]
de nadadeiras longas e os combatentes de nadadeiras curtas?
O
Betta selvagem tem um bom equilíbrio entre tamanho
e forma, desde a boca até o fim das nadadeiras, o brilho néon das
escamas e nadadeiras, e o estilo mais impressionante de se exibir
e dançar; nenhum outro
[belonídeo]
capturado se iguala à sua forma e função.
OK. Deixe-me simplificar: a diferença entre o
Betta
selvagem e o
Betta splendens de nadadeiras curtas
cativo só está no tamanho das nadadeiras.
E o Betta splendens de nadadeiras longas?
É como se fosse uma outra espécie de
Betta. Entretanto,
os cientistas declararam que
[o Betta
splendens de nadadeiras longas] é a mesma espécie
que o
Betta splendens de nadadeiras curtas.
Eu nunca vi um
Betta de nadadeiras longas oriundo
de um grupo de nadadeiras curtas.
Eu sempre questiono os criadores que eu conheci sobre a origem
do
Betta de nadadeiras longas o máximo possível.
Ninguém sabe, não importando quantos criadores eu pergunte.
Eu sempre obtenho a mesma resposta "eu
[sempre]
vi estes dois tipos de
Betta até onde possa me lembrar".
Os textos ocidentais
[sobre os peixes]
de aquário não podem responder a estas perguntas.
[Veja
a citação a seguir:]
"De onde vêm os
[Bettas]
de nadadeiras alongadas, eu não faço a menor idéia". (Christopher
W. Coates. Tropical fishes for a Private Aquarium. 1950: p.137).
O criador mais velho que eu pude entrevistar tem 80 anos, e a resposta
dele é a mesma.
[Essa origem do Betta
de nadadeiras longas] agora
[faz parte
da] mitologia do
Betta, e estou interessado
em rastrear a resposta.
Há cinco histórias para contar sobre o desenvolvimento do
Betta
de nadadeiras longas:
1 - História [do] pseudocruzamento
Esta
[vertente] acredita que a fêmea
de
Betta adquire a cor e forma do ambiente em que
ela se encontra, e então, passará essas características para os
filhotes.
Usando essa crença do pseudocruzamento, suponhamos que você quer
um
Betta amarelo de nadadeiras longas em seu estoque.
Esta
[linha de crença] sugere que nós
deveríamos pintar um macho amarelo de nadadeiras longas em um pedaço
de papel e prendê-lo à garrafa da fêmea. Nenhum
Betta
macho real é necessário.
Aproximadamente de um a dois meses depois, nós levamos esta fêmea
e a cruzamos com qualquer
Betta macho de qualquer
cor.
O resultado desse cruzamento é que alguns
Bettas
terão a cor e a forma semelhantes à do
Betta pintado,
alguns
[serão] semelhantes à mãe, e
outros serão semelhantes ao pai
[biológico]
etc.
Depois de ter conseguido
[por esse método]
o primeiro
[Betta] amarelo
de nadadeiras ligeiramente longas, o criador selecionará um macho
amarelo de nadadeiras longas para acasalar com outra fêmea amarela
de nadadeiras longas do mesmo grupo (inbreeding).
Continuando este processo repetidamente o
Betta de
nadadeiras longas da cor desejada será desenvolvido gradualmente.
NT: claro que não se pode cogitar que tal
hipótese possa, sequer, ser levada em consideração. Só a mantive
para ser fiel ao texto original.
2 - História do cruzamento intensivo
A história de pseudoprocriação usa uma explicação ambiental
[como
auxílio]. A história do cruzamento intensivo utiliza uma
explicação sociológica
[como auxílio].
Há muitos manuscritos no idioma tailandês que diz que os primeiros
estoques de
Betta splendens de nadadeiras longas existiram
há mais de cem anos atrás. Nos documentos ocidentais o primeiro
aparecimento do
[Betta de]
nadadeiras longas
[nos EUA] foi em
São Francisco (Califórnia) e corrobora
[,
também,] essa suposição.
[Veja a citação
abaixo:]
Na Tailândia o peixe combatente é criado da mesma maneira que os
galos de briga, e nas centenas de anos nos quais o esporte existe,
foram desenvolvidas raças especiais. Nenhum destes combatentes "domesticados"
foi localizado até 1928, quando duas remessas chegaram em São Francisco
provenientes de Bangkok.
Estes peixes, com suas nadadeiras em forma de véu, causaram furor
no mundo da aquariofilia. Um deles era escuro, com nadadeiras vermelhas.
Estes "caudas de véu" procriaram e intercruzaram com o tipo selvagem,
e com outro estoque de nadadeiras longas recebido mais tarde da
Tailândia, via Alemanha,.. [Lucile Quarry Mann, Tropical fish, New
York. 1954]
Se nós
[acreditarmos] na fonte
[documental]
tailandesa e na referência acima como sendo
[ambas]
verdadeiras, isto significa que os Estados Unidos
[só]
souberam do
Betta de nadadeiras longas, pelo menos,
trinta anos depois que o peixe tinha sido criado com sucesso
[na
Tailândia].
Eu acredito fortemente que o
Betta de nadadeiras
longas foi desenvolvido
[a partir]
do
Betta de nadadeiras curtas que, por sua vez, foi
desenvolvido a partir do
Betta selvagem capturado.
Voltando a meu argumento original, se o
Betta de nadadeiras
longas foi produto de intervenção humana, então a explicação sociológica
deve ser levada, mais ou menos em conta.
Por que? Porque cem anos atrás nós não criávamos peixes com propósitos
comerciais.
Nós os criávamos para diversão, seja para apostar
[em
combates] ou somente como peixe de aquário. (Realmente é
diferente do motivo que hoje nos move para cria-los; comércio e
lucro motivam a maioria dos criadores atualmente).
Agora, para retornar ao meu ponto inicial, não há nenhuma dúvida
que o menino tailandês manteria o combatente de nadadeiras pequenas,
da mesma maneira que o pai dele e os tios fizeram.
Mas, e as meninas? Que tipo de peixe pode ter ela? O combatente
de nadadeiras pequenas era muito cruel para ela manter. (Não se
esqueça de que atualmente só os homens mantiveram o combatente de
nadadeiras pequenas, normalmente com propósitos de brigas somente).
[No entanto,] elas só queriam um peixinho
de aquário que pudesse viver com elas na cabana, assim como o peixe
[combatente] do irmão dela.
[Foi assim que] o
Betta splendens
de nadadeiras longas apareceu. O pai da menina, ou mesmo o tio,
que, também, poderiam ser criadores, desenvolveram intencionalmente
os
Bettas de nadadeiras longas para fazer a menina
feliz.
O primeiro espécime de nadadeira longa foi selecionado porque tinha
características
[bem] distintivas do
resto do grupo de nadadeira pequena. Eu acredito que o
[Betta de] nadadeira longa que nós vemos hoje,
foi desenvolvido gradualmente de uma família a outra, e de um criador
para o outro
[mais] próximo.
Eu penso que o desenvolvimento do
[Betta
de] nadadeira longa ocorreu quando a menina, orgulhosa, levou
seu novo peixe de nadadeira longa para mostrá-lo aos amigos. Esses
amigos então perguntaram aos pais (ou tios) dela, que também eram
os criadores do peixe, para criar os tipos de
[Bettas]
de nadadeiras longas. Agora eu penso que o leitor possa imaginar
no que deu.
O hábito de desenvolver peixes especialmente para as crianças,
ainda é praticado até mesmo hoje. Em toda área de criação, a maioria
dos criadores fará um grupo especial para as suas crianças. Alguns
desenvolverão cores especiais e outros criarão os híbridos (cruzados
entre
[Bettas] de nadadeiras
curtas cativo com os tipos selvagens) para
[que]
as suas crianças os levem para lutar com os peixes dos amigos delas.
O propósito da criação dos híbridos é para lutar com o
Betta
selvagem capturado.
Bettas selvagens capturados não
têm resistência para brigas prolongadas, e os tipos híbridos, certamente,
são considerados possuírem mais resistência.
Eu penso que no começo, eles tiveram somente os tipos de nadadeiras
longas em exibições locais, talvez em algum lugar ao redor ou fora
da província de Bangkok. A formação de clubes de aquário criou a
necessidade comercial pelo tipo de nadadeiras longas.
O preço naqueles dias variava, e eu cito: "Dois ou três anos atrás,
espécimes realmente bons de aquário
[tornaram]
o
Betta splendens bastante caros,
[mais
ou menos] trinta dólares o casal". [Christopher W. Coates.
Tropical Fishes for a Private Aquarium. 1950: p.138].
[Ainda] hoje, as meninas tailandesas
[preferem] o
Betta de
nadadeiras longas para exibição, enquanto que os irmãos delas ainda
gostam de ter os
[Bettas]
de nadadeiras curtas parar lutar.
3 - Originado da China
A terceira história usa uma aproximação lingüística para explicar
de onde o
[Betta de]
nadadeiras longas veio. Esta teoria diz que o "NOME" dita a origem
do peixe. Esta história é somente baseada no NOME.
Na Tailândia nós chamamos os
Bettas splendens de
nadadeiras longas de "Plakat Cheen".
Plakat Cheen pode ser traduzido como "peixe combatente chinês"
(Plakat = "Peixe combatente" e Cheen = "China ou chinês").
O nome implica que o
Betta splendens de nadadeira
longa vem da China, ou pelo menos tem alguma implicação pertinente
com a China ou
[com os] criadores chineses.
Eu uma vez ouvi alguém explicar que um monge chinês, que também
era um criador, introduziu o
Betta de nadadeiras longas
no mundo do aquarismo.
Há três implicações para o termo Plakat Cheen:
Primeira, é a palavra Cheen que pode querer dizer país ou China.
Isto significaria que os
Bettas splendens de nadadeiras
longas originaram na China e foram trazidos para a Tailândia por
comerciantes ou marinheiros.
A Tailândia e China tiveram uma história longa de comércio por
centenas de anos. Porém, todas as fontes tailandesas (tanto verbal,
quanto escrita) negam esta possibilidade, e assegura que simplesmente
é um termo obtido emprestado.
Segunda, é que Cheen significa uma pessoa chinesa. Esta poderia
ser um monge chinês, um cidadão chinês, ou possivelmente, um criador
chinês.
Eu estava assistindo televisão há alguns meses atrás e, para minha
surpresa,
[alguém] disse no programa
que a primeira pessoa a introduzir
[na Tailândia]
o
[Betta de] nadadeiras
longas foi um monge chinês aproximadamente há 100 anos atrás.
Outra fonte tailandesa disse que um criador chinês foi o primeiro
a criar o
[Betta de]
nadadeiras longas prosperamente.
Pessoalmente, eu sou a favor desta explicação. Parece consistente
com meus pensamentos no passado.
O
[Betta de] nadadeiras
longas nunca foi
[criado] para lutar,
[e sim] só para exibição, como uma
motivação comercial escondida por trás de seu desenvolvimento.
Criadores chineses eram muito famosos por descobrir e desenvolver
linhagens novas de peixes. Os chineses comandaram o comércio de
peixe de aquário. Por exemplo:
[carpas]
Koi,
[kinguios], guppies…etc.
O fato permanece de que o criador tailandês não vendia os seus
[Bettas] combatentes
de nadadeiras curtas para estranhos ou para exposições.
Ele tinha receio de que as pessoas deteriorassem as suas linhagens,
ou através de um uso indevido, criar, ou vender o peixe simplesmente
a um concorrente ou um espião (não esqueça que a qualidade do peixe
estava associada ao nome do criador, e ao quanto em dinheiro
[ele]
conseguia
[com as lutas]).
Os criadores chineses poderiam ver o valor neste peixe temperamental
e até mesmo poderiam prever que se eles pudessem desenvolver cores
mais luminosas e nadadeiras mais longas,
[esses]
peixes poderiam se tornar um produto comercial
[muito
promissor].
Quando eu era jovem eu me lembro de ter visto
Bettas
de nadadeiras longas sendo vendidos em todas as lojas de aquarismo.
O vendedor era de uma família chinesa, e ele nunca falou sobre as
qualidades lutadoras
[desses Bettas].
O desenvolvimento do
Betta de nadadeiras longas é
um mito porque, na tradição chinesa, eles nunca contam os segredos
da profissão familiar deles aos estranhos.
Terceira, "Cheen" é um conceito comparativo sobre China ou chinês,
uma metáfora ao tipo
[chinês],
[ou
seja;] qualquer coisa relativa à China ou ao chinês é chamado
"Cheen". Por exemplo: falando alto como o chinês, os olhos dela
são como os olhos de senhoras chinesas, ou como um desenho decorativo
chinês... etc.
Precha Jintasaerewonge
Siamese CyberAquarium
precha@plakatthai.com
Tradução:
Vitor Calil Chevitarese