domingo, 3 de julho de 2011

   
     White Opaque - breve estudo sobre dificuldades na criação




A linhagem dos Whites Opaques é considerada uma das mais belas da espécie Betta splendens, no entanto, muitos criadores desistem em função das dificuldades que se apresentam na sua criação. Venho estudando esta variedade desde 2006 e parte da pesquisa está publicada em "Planilha de Acompanhamento Genético", no Betta Brasil. São animais fascinantes e de genética difícil e desconhecida por nós. Criei um banco de dados onde, além das minhas pesquisas, recebo e armazeno informação de vários criadores e comparo entre si.



A seguir apresento um brevíssimo estudos sobre as dificuldades na criação deste animal.

DIFICULDADES

No meu entendimento as dificuldades na manutenção desta linhagem residem principalmente na consangüinidade do nosso plantel, resultado de endogamia praticada pelos criadores brasileiros e também na diversidade do seu genoma, que permite uma série de combinações, acarretando, assim, altos e baixos no plantel, podendo ocorrer animais maravilhosos numa geração e exemplares péssimos na geração seguinte. Em opaques você nunca chega a excelência.



A GENÉTICA


Segundo trabalho publicado pelo Dr. Gene Lucas, o genoma das cores que dão origem a coloração branco opaca estaria assim descrito: "C - BL - SI - NR - OP":
  • C - simboliza o conjunto de genes responsáveis pela transcrição do fenótipo camboja, que de certa forma, inibi o pigmento preto (cromatóforo -> melanóforo);

  • BL - simboliza o conjunto de genes responsáveis pelo transcrição do pigmento azul aço, que se apresenta como branco prateado quando sobre fundo claro;

  • SI - simboliza o conjunto de genes responsáveis pela transcrição da difusão do pigmento iridóforo. Neste caso essas células utilizam biocromos como filtros coloridos que geram um efeito óptico conhecido como efeito tyndall o qual dá lugar à produção da cor azul;

  • NR - simboliza os genes responsáveis pela transcrição do inibidor da produção do pigmento eritróforos (pigmentos vermelhos);

  • OP - simboliza os genes responsáveis pela transcrição da opacidade, que inibe o brilho e favorece a densidade do fator opaco.
Como pode ser observado, o resultado da coloração branca que vemos nos opaques resulta da combinação ordenada deste genoma e, uma simples mutação ou alteração nesta cadeia, pode acarretar a perda, diminuição ou aumento de qualquer um dos fatores fenotípicos - de cor - como por exemplo o aparecimento do azul incidindo sob o branco, a perda do fator opaco, o cambojismo, entre outros.
É importante ressaltar que, embora o animal seja branco, segundo o genoma do Dr. Gene Lucas - os leucóforos, que são pigmentos brancos (cromatóforos brancos) e que naturalemente são responsáveis pela coloração branca em outros animais, não são considerados no genoma dos opaques.
A título de comparação cito a cadeia gênica do betta azul steel - que também, segundo o Dr. Gene Lucas - seria simbolizada pela combinação BL/BL, bem mais simples do que a intrincada cadeia dos opaques que como vimos seria: "C - BL - SI - NR - OP",



AS INFILTRAÇÕES


Outro fator de dificuldade nesta linhagem são as infiltrações - Uma vez que no genoma do opaque, apresentado acima, existem genes inibidores do fator vermelho, que o Dr. Gene Lucas simbolizou como NR, podemos - hipoteticamente - considerar que as infiltrações, geralmente rosadas, não tenham origem cromatoriais. Acredito tratar-se de infiltrações - de carotenóides - em células intermediais aos cromatóforos ou ainda alocação dos carotenóides sobre as células pigmentares que por serem claras poderiam ser facilmente coradas, devendo, no entanto, haver predisposição gênica para tal tradução, fato que pode estar sendo causado pela ativação de um outro conjunto de gene ou um gene mutante.
Processo muito parecido ocorre numa linhagem de acarás bandeiras albinos, que também estudo, onde infiltrações corais aparecem, junto com máculas pretas que num animal albino jamais poderá ser atribuído a aos cromatóforos pretos (melanóforos).

Foto: Wilson Vianna

Foto: Wilson Vianna

Tenho recebido vários consultas de como inibir tais infiltrações, mas evitar a alimentação rica em carotenóides nos bettas, é difícil, pois como o primeiro alimento geralmente utilizamos os náuplios de artêmias salinas, que são riquíssimos em carotenóides.
Há ainda casos de infiltrações pretas, azul e cinza, que podem ser a combinação de carotenóides com outra proteínas. Cito, como exemplo, o camarão cinza que quando levado ao fogo fica vermelho. Na realidade a cor cinza do camarão não são melanóforos e sim carotenóides combinados com outra proteína que confere a cor escura ao animal. Quando se cozinha o camarão a proteína adicional é degradada e os carotenóides, resistentes a temperatura mais alta, aparecem e o camarão cozido fica vermelho.
Para comprovar a ação dos carotenoides nas infiltrações selecionei dez bettas que foram mantidos até um mês de idade sem náuplios e depois de um mês de idade foram alimentados uma vez por semana, durante oito meses, forçando, assim, baixo teor de proteína em sua nutrição. Esses peixes cresceram muito pouco, mas não apresentaram infiltrações, enquanto seus irmãos criados com alimentação normal apresentaram as infiltrações rosadas. Atualmente testo um patê a base de elementos com baixo teor de carotenóides e baixo valor de proteína animal.


ABERTURA DE CAUDAIS


Relativamente às informações genéticas para trascrição de caudais - pelo meu estudo - elas estão organizadas em cadeias totalmentes distintas daquelas cadeias que carregam as informações para a tradução das cores, assim, enquanto você está preocupado em trabalhar a melhoria dos fatores de coloração, relaxa nos fatores de cor e vice-versa. Geralmente as fêmeas demoram a apresentar a abertura definitiva da caudal e somente aos oito a dez meses elas mostram todos os seus raios e geralmente o criador não tem paciência em esperar todo este tempo para acasalar o animal. Fêmeas de opaques com oito raios são raríssimas. Veja Estudo sobre caudais de opaques.


ÁGUA E PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS


Opaques são super sensíveis a pH, dH, amônia, alterados, e modificações bruscas nestes parâmetros podem levá-los rapidamente a enfermidades cuja recuperação é sempre muito dificil.
Exposição ao sol, cegueira, tumores e enfermidades são outros fatores que venho estudando e que em breve estarei publicando artigo a respeito. (Vide artigo: " A cegueira no Betta Branco Brevissimo resumo do estudo sobre o processo de obstrução da visão dos Bettas Whites Opaque e Platinum")  




Autor : Wilson Vianna

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